11 julho 2015

Uma última cruzada para Dante


Autor: Giulio Leoni
Tradutor: Gian Bruno Grosso
Editora: Planeta do Brasil Ltda
Ano: 2009 
Páginas: 400
Título Original: La Crociata Delle Tenebre
(A Cruzada das Trevas)
Gênero: Romance Italiano



Sinopse: As portas do inferno estão prestes a abrir-se e o poeta Dante está agora envolto num mistério aparentemente longe de se entender. E novamente cabe a ao poeta desvendar um novo e sombrio caso. Desta vez em Roma, e o que seria uma viagem tranquila e sem muitos problemas transforma-se em um misterioso quebra-cabeça e um novo desafio cruza o seu caminho, alguns cadáveres são encontrados na cidade, aparentemente vítimas de terríveis rituais. Dante se vê de mãos atadas para resolver o caso fora de sua cidade-natal e sem grande influência. Porém quando a mãe de um jovem assassinada o faz prometer descobrir o assassino de sua filha, Dante parte para uma nova aventura, com muito mais perigos e inimigos pela frente. No último volume da trilogia, será que o poeta conseguirá resolver este caso e manter-se a salvo?



Chegamos ao fim das grandes investigações de Dante em "A Cruzada das Trevas". Esse, ao meu ver, é o melhor dos três livros então fica a dica, para quem realmente não gostou dos outros livros. Neste o nosso protagonista já deixou de ser o Prior da nossa querida e amada cidade, conforme os descritos do livro anterior. Quase lembrei da Cinderela porque a meia noite ele perdeu seus poderes perante a cidade. Infelizmente para ele, felizmente para nós porque ele acaba embarcando em uma nova viagem até Roma e ai a vida dele começa a virar de pernas para o ar.

Já nas primeiras páginas do livro temos boas referências como Enéias, para quem não se lembra, aquele jovem chefe Troiano após a morte de Heitor -acredito eu que esteja até no próprio filme Tróia, então vocês já devem ter ouvido- ; Sibila de Cumas -sibila é uma espécie de vidente, uma profetisa acho que fica melhor- que é uma das mais conhecidas e mais poderosas e o Pântano do Estinge que seria um rio da imortalidade, um dos rios do Inferno, que particularmente eu adorei. Quem nunca sonhou com a imortalidade né? 

É citado, bem no início um poema épico latino escrito por Virgílio no século I a.C. que eu gostei muito e resolvi trazer para vocês que realmente tratam das malezas e até mesmo da própria velhice. 
Aí habitam os pálidos Mórbidos e a triste Velhice
o Medo e a Fome, má conselheira, e a torpe Miséria
Terríveis formas a ver-se, e a Morte e a Dor... {pág, 13} 
No livro temos a presença de um carrasco, que se considera um "executor da justiça" e acho que isso enriquece bastante o contesto histórico do livro.  Exatamente neste momento do livro temos a cena da imposição da ordem papal naquela época, ou seja, passam algumas pessoas acorrentadas que haviam se rebelado contra o papa. 
A justiça é o bem supremo da comunidade, o fim em direção ao qual deve tender cada ação humana. O que seriam de fato glória. riqueza e conhecimento se não fossem temperados pela sua balança e pela sua espada? (pág. 64)
Outra coisa que enriquece mais ainda o contexto histórico do livro é a ideia de que se abrissem um túmulo iriam tirar o morto de seu descanso eterno e que tudo o que tivesse algo com isso deveria ser passado pela Inquisição. Aliás, essa Inquisição está presente no livro quando é encontrado os restos mortais de uma possível lenda, de Joana, a papisa mulher que utilizava roupas de homens para conseguir o poder que o papa exercia na época. Sobre ela é que giram todos os mistérios do livro visto que o corpo da possível papisa fora encontrado intacto pelo tempo, lembrava uma pessoa que adormecera durante longos anos. Isso seria possível? Como Dante consegue resolver esse mistério? Não posso esquecer de mencionar que o livro descreve perfeitamente como a mulher era vista na época pois temos uma personagem, a Fiamma, filha do Spada, que tenta se colocar como uma igual entre os homens, inclusive perante Dante e o personagem inicialmente se assusta com as colocação dela, afinal uma mulher da sociedade jamais agiria assim, ao menos não uma mulher da alta classe social e bem instruída como ela aparenta ser. 

O livro recebe o nome de "Cruzada" exatamente por revelar a ambição dos possíveis amigos de Dante, de estabelecer uma nova e talvez última Cruzada, surgindo assim uma aliança entre os tártaros contra o Islã. Também descreve a doença lepra, que era bem comum na época com riqueza de detalhes. Não tenho como esquecer da visão de Dante sobre um dos leprosos, o descrevendo como um homem que já havia perdido os lábios, corroídos pela doença. Achei bárbara a descrição e eu conseguia ver/ imaginar tranquilamente essa cena em minha mente. Na verdade o livro todo é ricamente detalhado, você se imagina na cena. 

Como referências históricas e lendárias, achei este o livro mais rico de todos. Nele temos descrito o gigante Gerião que é visto em Hércules, afinal um dos trabalhos dele era roubar do gigante o gado (pág. 93); a forma como ele descreve a sorte que eleva uma geração, ou seja, o filho superando o pai como aconteceu com César e Cipião, Tibério depois de Augusto ou Nero depois de Cláudio (pág. 95); como descreve Cleópatra caindo de amores por César (pág. 96); descreve também a lenda da lâmpada de Salomão, a famosa lâmpada que não necessitava de óleo e nem cera e que permanecia acesa por séculos a fio (pág. 185) e a pedra Luciferiana, a pedra que Satanás tinha na testa e que se precipitou em sua queda, pedra esta que é alcançada na dilatação da ureia que na real era um sal. 

 Sobre o autor: Giulio Leoni nasceu e vive em Roma. Diplomado em Letras, é um apaixonado pela história da magia e pelo iluminismo -pelos seus livros "quase" nem notamos isso- temas sobre os quais coleciona livros e memorabilia. No ano 2000 estreou na ficção vencendo o prêmio Tedeschi, com o romance Dante e os crimes da Medusa. A figura de Dante Alighieri está no centro também de Os crimes do mosaico e Os crimes da luz, ambos publicados pela Planeta. A cruzada das trevas é o último livro e encerra as aventuras de Dante Alighieri. 

E você, já leu esses livros? Tem interesse? 
Li, adorei e recomendo mas mantenho minha primeira visão de que existem diálogos totalmente desnecessários no livro e sim, tem coisas que não chamaram minha atenção durante a leitura, porém não me arrependo de tê-los comprado muito menos de tê-los lido.

Por Bruna 

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