16 maio 2016

A Queda de Artur - Mais uma bela obra de Tolkien


Autor: J. R. R. Tolkien 
(Editado por Christopher Tolkien)
Tradutor: Ronald Eduard Kyrmse
Editora: WMF Martins Fontes Ltda
Ano: 2013
Páginas: 286
Título Original: The fall of Arthur (A queda de Artur)
Sinopse: A Queda de Artur, única incursão de J. R. R. Tolkien nas lendas do rei Artur, narra a expedição do personagem a longínquas terras selvagens, a fuga de Guinevere de Camelot, a grande batalha naval na volta de Artur à Grã-Bretanha, a descrição do traidor Morderd, as dúvidas que atormentavam Lancelot em seu castelo francês.

Eu poderia resumir em poucas palavras tudo o que senti a partir do momento em que pus as mãos nesse livro, afirmando que é uma grande honra me encontrar na familiaridade das palavras e descrições de Tolkien mais uma vez, uma vez que, como grande fã, esse livro serviu para fazer com que eu me deliciasse em cada novo parágrafo e reconhecesse neles o meu grande companheiro dos velhos tempos, na época de Senhor dos Anéis. Não posso deixar de mencionar que a história de Artur, de conhecimento de todos, é algo que sempre me fascinou por completo e ter a certeza que também caiu nas graças de Tolkien... É novamente uma grande honra.

A Queda de Artur é um dos poemas épicos sobre a lenda de Artur, que tenho certeza que todos conhecem, e que foi abandonado por Tolkien, infelizmente, durante sua vida. E quando eu digo abandonado, eu realmente quero dizer que foi abandonado durante décadas, de forma que é certamente um presente aos fãs, e deve ser tratado como tal.

Este é mais um dos livros editados para a publicação por Christopher, filho de Tolkien, cuja narrativa se inicia com a cavalgada de um exército para Mirkwood, em uma Europa da Idade das Trevas. Tenho que mencionar que este exército é, obviamente, liderado por Artur e Gawain, personagem de grande destaque em seu poema, tanto quanto o belíssimo Lancelot.

Para o desagrado de muitos, tanto quanto o meu, este é mais um dos projetos iniciados por Tolkien, porém nunca finalizado, de forma que o poema rende apenas 80 páginas, não muitas mais que isso. O que mais valorizo nesse livro é a riqueza do trabalho apresentado por Christopher, que dedicou seu tempo a incluir na mente dos leitores os porquês da breve escrita do pai, bem como suas referências, de forma a tornar o livro não apenas um rascunho perdido, mas um objeto de pesquisa.

Após o término da poesia, que vou realmente fazer a pequena observação de que ela foi mantida em inglês nas páginas esquerdas, enquanto nas páginas da direita temos a tradução dela, somos introduzidos a outros rascunhos de Tolkien, partes da poesia que não foram publicadas, sejam por dificuldades encontradas pelo Christopher ou para manter o sentido já iniciado. A ideia de páginas mantidas em inglês para mim se torna clara ao ser discutido o sentido do poema, bem como sua tradução. Ao pessoal que se garante no inglês, boa sorte!

Artur, o forte e altivo general novamente é descrito com vigor, desta vez por Tolkien, em versos aliterativos, forma de escrita muito famosa no século 14. Não preciso mencionar o fato de que Tolkien mais uma vez impressiona com suas descrições de paisagens e lugares, certo? Certo. Minucioso em cada linha, ele é capaz de reportar até o mais exigente dos leitores, afinal eu bem que relutei em ler este livro por ser uma poesia (Sim, eu não gosto).

Desta vez o exército de Artur marcha para o oeste, de forma que ele é descrito como um heroico general fiel a Roma, porém que infelizmente descobre a infidelidade de seu amor, e se vê incapaz de manter a amizade longínqua que possuia com Lancelot. Aos amantes de Lancelot... Meus sinceros pesares, porém eu adorei o ver ser abandonado (modo de falar) duas vezes neste livro e sofrer com suas escolhas. Acredito que o ponto mais alto de todo o poema é a traição em casa ocorrida a Artur, que certamente mexe com o leitor, deixando-o frustrado e indignado, ao mesmo foi o que ocorreu comigo. Ok, sou completamente apaixonada por Artur em toda a sua lenda, então obviamente eu realmente me irrito.

Então vamos pensar em Lancelot um pouco. O que eu gostei na descrição de Tolkien é que a imagem de Lancelot como sendo um conquistador barato passou para um homem que “acha” estar apaixonado por Guinevere e que descobre o que esse amor pode causar aos homens que os cercam. Gosto da ideia de um Lancelot arrependido porque eu, ao menos, estou acostumada em ver Lancelot sem alma alguma, completamente esforçado em conquistar e somar, sem piedade alguma. Também me agrada Gawain, que para mim antes não possuía muitas qualificações ou destaque e que conseguiu roubar sua cena com sua coragem e lealdade acima de tudo.

Para os odiadores de plantão de Guinevere, assim como eu, péssimas notícias, ou boas claro: ela é descrita com sua magnitude e beleza, que faz jus ao contexto de ter roubado os corações de tantos homens. Eu consigo imaginar esse poder de sedução no decorrer do livro, motivo pela qual Mordred é um simples escravo dos seus desejos mais árduos por ela.

Para quem ainda esperava uma história familiar de O Senhor dos Anéis, ainda afirmo que o livro traz suas surpresas. A familiaridade que temos com os escritos de Tolkien na narrativa do anel se dá também na sua contribuição criativa para a tradição arturiana, mas não vou discorrer mais sobre porque ainda aguardo a vinda dos bons fãs para que eu possa falar abertamente sobre o assunto.

A queda de Artur, um ótimo presente para novamente reascender a boa chama medieval que apenas Tolkien no decorrer de tantos anos conseguiu, conta com o adeus dado por Artur a sua terra, bem como ressalta a vivacidade e escolhas de personagens lendários e seus devidos destinos após o “desaparecimento” de Artur.

Simplificando? Apaixonante, como apenas Tolkien sabe ser.

Obrigado por suas belas histórias,
somos gratos! 
Alguém já se aventurou por essa história?
Deixa seu comentário ai. 
Por Bruna. ♚

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